quinta-feira, 18 de abril de 2024

[Filme] (Re)Vendo todas as versões da Cinderella - Parte 2

 E eis que estou de volta com a segunda parte das adaptações da Cinderela, gente nem eu fazia ideia que eram tantas, meu Deus, galera espremeu até o sumo da história. Mas, como bem dizem, um tema clichê nas mãos da pessoa certa pode se tornar único.

Como falei na primeira parte, depois do lançamento de A Nova Cinderella com Hillary Duff, um boom de 'novas cinderelas' surgiram bem no estilo 'copiar e colar' com pouquíssimas novidades e acertos. É deles que vamos conversar nesse post e, já adianto, se você gosta de um deles com todo seu coração, tudo bem, não venho aqui causar intriga, tampouco minha opinião é a única que vale. Podemos seguir sendo amigos.

Em 2008, com o auge das estrelas Disney, surge Outro Conto da Nova Cinderella (nem se dignaram a escolher um título decente), estrelado por Selena Gomez e Drew Seeley. Na história, Mary Santiago é a filha órfã de uma dançarina que ficou sob a tutela da patroa de sua mãe após a morte desta.

A coisa que ela mais quer é se formar e ir para faculdade para poder se livrar da patroa e das filhas insuportáveis dela. A oportunidade vem quando Joey Parker, um famoso ator e dançarino, volta para sua cidade natal a fim de encontrar a dançarina perfeita para seu novo vídeo. 

Com aquela cara de Camp Rock sem o 'rock', o filme é bem fraquinho, sem muita novidade e ela deixa para trás o MP3 quando foge do baile de máscaras onde dançou com Joey. Enredo fraco, comédia fraca e antagonistas que não se levam a sério, é aquele filme bem pré-adolescente mesmo que não empolga muito porque você já começa sabendo como termina e o final foi bem mais ou menos.

Três anos mais tarde, em 2011, Lucy Hale (Pretty Little Liars) se junta a Freddie Stroma em A Nova Cinderella: Era Uma Vez Uma Canção. A proposta era ser uma comédia romântica contando a história de Katie, uma garota adotada por uma família rica que só pensa no próprio umbigo.

Sua irmã adotiva Bev quer muito ser uma cantora, mas não consegue emitir uma nota sem arrebentar os tímpanos de alguém, enquanto Katie é muito talentosa e não somente tem uma bela voz, mas também é compositora. Um empresário de sucesso coloca seu filho Luke para estudar na mesma escola de Katie com o propósito de escolher o novo próximo talento de sua gravadora.

Sorrateiramente, Katie coloca sua demo na bolsa do empresário que escuta e fica fascinado, mas ao ligar para a mãe adotiva da garota, ela diz que a demo é de Bev e a confusão começa. Esse filme tem aquela cara de High School Musical só que menos carismático, a comédia funciona em partes, e tem horas que o filme parece não se levar mesmo a sério. Um romance meia boca e um final bem previsível. Não é o pior da lista, claro, mas não é marcante o suficiente.

Eis que em 2016 tivemos Sofia Carson e Thomas Law em A Nova Cinderela: Se o Sapato Encaixar, e apesar do título ninguém perde sapato nesse filme. Embora ele não seja um longa marcante e que a gente quer ver e rever todo ano, pelo menos se preocupou em agregar alguns elementos novos ao roteiro.

Em alguns pontos, ele parece uma cópia do anterior. Bella é tratada como criada por sua madrasta, ela sonha em se tornar uma estrela pop, quando um famoso ator está procurando uma atriz e cantora para sua peça musical com direito a estrelar um filme, as irmãs de Bella logo decidem tentar, mas a madrasta, claro, não quer nem sonhar com a enteada ofuscando suas filhas.

Detalhe interessante: essa Cinderela aqui é mecânica, a mina entende tudo de carros e motos, é assim que ela e o "príncipe" se aproximam. Ajudada por uma amiga, Bella se disfarça com uma peruca loura e um sotaque britânico que não enganaria ninguém para poder participar do concurso e, é claro, chama a atenção do príncipe conseguindo o papel. Mas se dividir em duas pessoas diferentes não vai ser fácil para ela.

O final desse filme é bem ridículo, mas ele não é de um todo horrível. A comédia funciona a maior parte do tempo e embora a química entre os atores seja bem ruim, ao menos o enredo compensa a falta com um desenvolvimento razoável. É bem estilo Cheetah Girls, sabe?

Para finalizar, sabe quando alguém te pergunta se quer a notícia ruim ou boa primeiro? Pois bem, em 2018 foram feitas duas adaptações da Cinderela. Vou começar pela ruim.

Gente, esse filme é ruim. Mas é ruim num nível que chega a ser cômico! Para vocês terem uma ideia, ele tem nota 3 de 10 no IMDB. E eu ainda acho muito. Sabe o que parece? Um grupo de atores de bairro se juntou para fazer um filme independente e eles realmente se levaram a sério para pegar a câmera do amigo rico emprestada e gravar. As atuações são tão ruins e tão artificiais que nem um aluno de atuação no primeiro período de artes cênicas fariam tão mal.

Cinderela tinha um pai amoroso que a criou para ser uma garota que faz tudo, embora tivessem muito dinheiro. Então ela sabia cozinhar e arrumava a casa de salto alto. Ele se casou de novo com uma mulher que tinha duas filhas e a única coisa que sabia fazer era gastar dinheiro. No dia do aniversário dela, ele saiu para ir numa reunião e nunca mais voltou. Embora tenha uma tia com plenas condições de cuidar dela, a garota escolhe sofrer o pão que o diabo amassou nas mãos da madrasta sem qualquer motivo! Com a desculpa esfarrapada de estar cuidando das coisas do pai.

Não bastasse isso, a madrasta vende a casa para um empresário rico para quem pretende vender a empresa também através de um acordo matrimonial com uma das suas filhas. E é claro que no baile dos acionistas (que só tem uns seis figurantes com idade de estar no segundo ano de administração) a garota consegue escapar da madrasta e vai na festa com a ajuda da tia. O "príncipe" em questão parece aqueles garotos de Boyband estilo CNCO. Sério, não dá para levar esse filme a sério. E o final é a pior parte, é a verdadeira definição de deux ex machina, se você quer aprender o recurso, só assistir.

O longa é um manual do que não fazer em um roteiro. Dizer que é péssimo soa até elogioso. E de tão ruim, não se acha nem onde ele foi feito. Na verdade se acha muito pouco sobre ele na internet, mas se você for masoquista, ele está completo no youtube.

Também em 2018 surgiu Não o Tipo da Cinderela, filme que, ao que parece, foi baseado em um livro que eu queria muito ler porque em meio a tantos filmes parecidos, ele mostrou que o clichê nas mãos do roteirista certo (do escritor, no caso) pode sim render bons frutos.

Após a morte dos pais, Cindy Ella fica sob a custódia do tio. Ele e a esposa já tem duas filhas e não queriam de forma alguma ficar com ela, de modo que a menina é tratada com indiferença e como uma criada na casa. Indy, como gosta de ser chamada, não tem muitas perspectivas na vida e sua estima é bem baixa.

Ela conhece o príncipe encantado, Bryant, de maneira inusitada. Apesar de ele ser o garoto mais popular do colégio e dos dois estudarem por anos na mesma escola, sua primeira interação acontece quando ele mata a gata dela atropelada (sem querer, é claro). A partir daí, uma série de reviravoltas vai virar a vida de Indy de cabeça para baixo.

Embora as atuações desse filme não sejam as melhores, não chegam a ser sofríveis. A história é muito boa e se sustenta por si mesma, trazendo a pauta do abuso psicológico e com um "príncipe" que é exatamente como todos os homens deveriam ser na opinião desta autora. Fofo, dramático e romântico na dose certa, é o tipo de filme que eu veria duas ou três vezes no ano quando quisesse ficar com o coração quentinho. Recomendo e você também acha inteiro no youtube. Inclusive, se alguém souber onde tem o livro, por favor me diz, quero ler.

Vai ter parte 3 desse post porque ainda tem muitas versões da Cinderella que eu ainda não assisti, então vou maratonar com a minha irmã e volto com o que achei. Mas e aí, conhecia alguma dessas adaptações? Gostou de alguma? Me conta aí.




domingo, 14 de abril de 2024

[Bíblia] Levítico parte I

 Antes de começar, preciso dizer para se ter muito cuidado com a primeira leitura desse livro. Olhando agora minhas anotações percebi o número de dúvidas que tive durante a leitura por não ter conhecimento suficiente para entender o tempo e espaço narrativo no qual esse livro se encaixa. A introdução dele na minha bíblia é muito vaga e não oferece muito contexto, de modo que, além de maçante, o livro pode ser um pouco chocante de início.

Lembram quando, no último post, disse que o Pe. Reginaldo Manzotti disse que deveríamos começar a ler a bíblia pelo novo testamento? Bem, talvez o motivo seja por livros como Levítico e Juízes. São leituras difíceis, por vezes indigestas e que nos fazem questionar as leis divinas. Mas, entendamos isso como os primórdios da igreja, e essa igreja primitiva, em um período onde o povo judeu era governado diretamente por Deus, foi "renovada" através de Jesus de modo que, quando vemos algumas dessas leis implacáveis e algumas até mesmo intolerantes, não devemos e nem podemos nos assustar, mas tentar entender o percurso e o momento histórico desse povo e como Jesus, com sua vinda, ressignifica essa lei e a transforma em uma nova aliança.

Claro que agora eu tenho uma visão melhor disso, mas quando li da primeira vez, de cara, fiquei bem confusa, chocada e até cheguei a duvidar do amor infinito de Deus '-' porque tem umas coisas nessa legislação que são impensáveis no dia de hoje, inclusive, muitas "religiões" por aí se apoiam nesse livro para construir seus dogmas, algo completamente impensável e que contraria a compaixão, igualdade e respeito pregados por Cristo. Como bem disse aquela música, "Jesus rosto humano de Deus", mas não só o rosto, ele é o coração humano do Senhor e, através dele, somos refeitos e convidados a uma vida nova, mas uma vida que não nos tolhe ou nos aprisiona.

Explicado isso, vamos às minhas anotações. Vou dividir em dois posts porque eu não fiz anotações por capítulo como nos livros até aqui, eu fiz um texto corrido sobre todo o livro. Então, pra não ficar muito grande, vou dividir.

Esse livro é basicamente um manual acerca das leis rituais e prescrições culturais dos judeus e tem o valor mais documental, todavia, farei menção aos pontos que me chamaram a atenção.

"sed lex, dura lex"

Não tenho ideia do quanto Cassandra Clare referenciou a bíblia em sua fantasia com anjos, mas tenho forte impressão que essa frase veio enquanto ela lia esse livro. Digo isso porque em maior parte do tempo era nela que eu pensava em quanto lia.

Comparado com a fluidez do Gênesis, o Levítico em boa parte é bem desinteressante, assim como o Êxodo da metade pro final que se fixa muito em instruções para o tabernáculo e as medidas, pesos e tudo o mais estava em referências difíceis de converter.  Boa parte do Levítico —  que leva esse nome por causa da tribo de Levi — se trata do que hoje compõe boa parte da tradição judaica.

Todavia, a parte da legislação em si tiveram algumas coisas que me chamaram a atenção, muitas delas eu já sabia, outras eu só não sabia que era nesse livro, e outras eu nem fazia ideia e me deixaram um tanto pensativa. Como é um livro do Antigo Testamento e, segundo a igreja, muito se renova e muda com a vinda de Cristo, não pude deixar de me sentir ansiosa com alguns detalhes. E vamos de perguntas:

"Não te deitarás com um homem como se fosse mulher: isso é uma abominação (18,22); se um homem dormir com outro homem como se fosse mulher ambos cometerão uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão sua culpa. (20,13)

Sabemos de onde vem as punições tenebrosas que se vê pro lado do oriente médio. Pensei que isso estava em provérbios (não sei por que razão), não deixou de soar pesado. Se não condenamos, somo coniventes? Até onde o amor ao próximo é tolerável então? Mil coisas se passaram na minha cabeça.

Poréeeeeem.... Jesus muda isso quando diz "amai ao próximo como a ti mesmo", sabe a ideia de amar o pecador e repudiar o pecado? É mais ou menos isso. A salvação, a partir do sacrifício de Cristo, deixa de ser coletiva e passa a ser individual. Cada um vai responder por si mesmo diante de Deus. Então, apenas amemos um ao outro e o resto não é da nossa conta. Respeito é a palavra chave aqui, devemos respeitar as escolhas do outro e deixar o julgamento para Deus. Ele é quem decide o que é certo e errado. 

"Não odiarás o teu irmão no teu coração. Repreenderás o teu próximo para que não incorras em pecado por sua causa. Não te vingarás; não guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás teu próximo como a ti mesmo." (19, 17-18)

Ok, e se meu próximo é a pessoa da lei de cima eu faço o que? (foi a primeira coisa que pensei quando li isso hahahaha)  Entende como é contraditório? Agora compreendo melhor o dilema de quem questiona. Se meu próximo é homossexual eu mato, mas se não é eu amo? 

Dá pra pensar nisso, não dá? Mas volto a lembrar, essas leis foram ressignificadas por Jesus, de modo que acabou essa violência desmedida. Cristo nos prega tolerância e respeito mútuos, o julgamento fica para o Pai.

"Não fareis figura alguma em vosso corpo" (19, 28)

Esse eu também pensei que estava em provérbios (por que encasquetei com isso, não sei) Esse versículo também  fala de "incisões por um morto" o que não entendi. Mas a mensagem da tatuagem foi recebida com sucesso. A coisa é que, não é porque a pessoa tem tatuagem que vai direto pro inferno, eu conheço muita gente que não tem um centímetro de pele sem figura, mas o coração não cabe dentro do corpo. Enquanto outros com a pele limpinha não vale o que o gato enterra. Entende como é? O coração vem antes e é com ele que Deus se importa. 

Por enquanto é isso. Esse livro é bem polêmico e cheio de complicações. Muitas dessas perguntas que eu coloquei nas minhas anotações, com o passar dos livros e por já ter dado uma conferida em Mateus, foram mais "iluminados" e estou tentando expor aqui da melhor forma possível. Se a gente lê Levítico como um livro de condenação ao pé da letra, metade da humanidade já estaria com um pé no inferno '-' a gente precisa de contexto, situar a situação em um tempo e uma narrativa próprios que vão se modificando ao longo do tempo. Muitas dessas leis apenas mudaram de forma e contexto com a vinda de Cristo e entender isso durante a leitura vai impedir que saiamos apontando dedo pra todo lado e dizendo que o irmão vai queimar pela eternidade porque julgar, amigos, também é pecado.

Então, até a próxima!

[Filme] (Re)Vendo todas as adaptações da CInderella - Parte I

 

Já parou para pensar em quantas versões da Cinderella já fizeram?

Eu digo pra você: 15. Sem contar as da Disney.

Tem 15 fucking versões da Cinderella! E isso porque eu parei de procurar, fiquei com medo de continuar fuçando na internet e acabar encontrando mais. E estou fingindo que o tal "Cinderela Baiana" nunca existiu. Aí você me pergunta: Como não satura? Bem, a resposta é simples: satura. Mas por que eles continuam fazendo? Isso eu não sou capaz de responder. Mas na sexta-feira cheguei em casa com raiva por motivo nenhum (isso acontece com uma frequência assustadora) e já tem um tempo que não estou conseguindo assistir nada, então, optei por listar todas as versões da Cinderella, as que já havia visto e as que ainda não vi. 

Isso dá um bom post, concordam? Então quero dividir com vocês. Vou dividir em duas partes, primeiro com as versões que já vi e depois, quando assistir as outras, faço e posto a parte dois. Quero muito saber se vocês já viram todas elas e de qual gostam mais. Então vamos nessa.

1. Cinderella (1950) Disney e suas sequências

Acho que a maioria das pessoas viu esse filme quando criança. Eu assisti quando estava no catecismo, minhas professoras tinham uma locadora de VHS  — e é aí que vocês tiram a idade da autora né :´( — depois meu pai alugou a fita e gravou pra gente, ah, nostalgia. Para algum alienígena que nunca ouviu falar dessa animação, ela é uma versão bonitinha do conto dos Grimm que é bem mais sombrio e até violento. 

Nele, Cinderella é uma menina muito bonita que se tornou o centro da vida do pai, um rico comerciante, após a morte de sua mãe. Sentindo que faltava uma influência materna para a menina, ele decide se casar de novo escolhendo uma mulher viúva que tinha duas filhas da mesma idade dela.

Só que o homem acaba morrendo de forma inesperada e, com inveja da beleza da menina, a mulher começa a desprezá-la e a rebaixa a uma criada, maltratando-a e devotando atenção só para suas filhas. Até o dia em que o rei decide dar um baile para que o seu filho único possa escolher uma noiva (ao contrário da realidade onde ele seria obrigado a se casar com uma jovem 'comprada' de alguma nação aliada ou em guerra), mas ele não está nem um pouco disposto a isso. Cinderella se anima para ir, mas a madrasta faz tudo quanto possível para impedi-la chegando ao extremo de rasgar seu vestido.

Desolada, a jovem recebe ajuda de uma fada e consegue ir ao baile, capturando a atenção do príncipe. Eles se apaixonam, mas a magia acaba à meia noite e, na fuga, ela deixa o sapato de vidro para trás (vidro temperado, com certeza, porque o tanto que ela correu e esse trem não quebrou kkkkk). Uma proclamação real é efetuada e a jovem passa a ser procurada. Quando a madrasta descobre, tranca Cinderella no quarto, mas seus amigos ratos a ajudam a escapar e enfim conseguir a felicidade ao lado do príncipe.

A maior graça desse filme são os ratinhos. É uma história bonita, aplicada à realidade nunca aconteceria, embora tenha ocorrido um caso ou outro na história e geralmente não acabou bem. Mas a graça da ficção é essa, a impossibilidade sendo mostrada como possível. O filme tem seu encanto e, para mim, formada em cinema charlatânico, envelheceu bem dentro do seu propósito que é entreter.

A Disney lançou ainda duas sequências para a animação, o primeiro, Cinderella II: Sonhos se realizam, lançado em 2002, é uma antologia de três histórias contando sobre a princesa após o casamento, o destino de seus amigos e sua madrasta e irmãs postiças. Confesso que embora tenha sido interessante esse vislumbre, que funciona como uma espécie de epílogo, não gostei tanto do filme. A história da Anastácia com o padeiro foi a mais simpática, a dublagem do filme é bem estranha para quem está acostumado com as vozes do original, e mesmo tendo certo encanto, não é marcante como o primeiro.

Em 2007 veio a terceira e última sequência da animação: Cinderella III: Uma volta no tempo, com uma narrativa que retoma o primeiro filme em uma ótica completamente nova, esse sim é um filme que revi várias vezes e traz uma princesa repaginada e com um pouco mais de autonomia que não é salva pelo príncipe, além de mostrar uma perspectiva de como seria se o sapato tivesse cabido em outra pessoa, e com isso mostrar o processo que a Cinderella passou sob outro ponto de vista.

Com uma narrativa dinâmica, tendo pontos de comédia, ação e tensão bem divididos, o longa fecha com chave de outro a história da princesa na opinião desta leiga autora.

Não vou falar desses filmes na ordem cronológica, até porque eu não os assisti na ordem cronológica tampouco, só situei a trilogia na ordem para fazer sentido.

E eis que, em 2015, somos presenteados com o live action da Cinderella trazendo Lily James e Richard Madden nos papéis principais além de Cate Blanchett no papel da madrasta e Helena Bonhan Carter como fada madrinha. 

O filme não peca em nada mantendo a história original, mas sabendo inovar ao trazer elementos que agregam a trama sem pesar e sem tirar a nostalgia. Os elementos fantásticos foram diminuídos e distribuídos de forma mais lógica, temos um vislumbre da relação de Cinderella com os pais antes da chegada da madrasta, o que só reforça nossa empatia pela personagem, mas, uma das coisas mais legais foi a humanização do príncipe com o rei, que ganharam seu próprio plano de fundo e também Lady Tremaine que recebeu uma justificativa para seu desprezo pela enteada. 

O filme é encantador, agrega elementos "modernos" na sua narrativa sem soar forçado e consegue trazer toda a emoção do primeiro filme com uma repaginação digna de nota. O figurino é muito interessante e a química entre os atores foi perfeita. Um acerto da Disney que não deixou nem um pouco a desejar. 

Bem o contrário do que estão fazendo com a Branca de Neve cof cof.

2. Para Sempre Cinderella (1998)

Teoricamente, essa é a segunda "fanfic" da Cinderella, a primeira, de 1997, é a adaptação que traz Withney Houston como fada madrinha, contudo, ainda não assisti e nem sei se vou achar, por isso, fica para parte dois.

Esse filme, com Drew Barrymore, Anjelica Huston no elenco, traz uma roupagem nova da história com uma Cinderela, aqui chamada Danielle, toda filosofia e feminismo. O filme preza por uma visão mais realista do conto e o coloca em um tempo histórico preciso, assim tanto o figurino quanto o modelo monárquico são parcialmente retratados com fidelidade.

Após a morte do pai, recém casado com uma condessa viúva, Danielle é forçada a crescer como criada na sua própria mansão, vendo a madrasta desperdiçar todo o dinheiro do pai e as coisas da casa sem poder fazer nada a respeito. Mesmo no tratamento de suas duas filhas ela é injusta, tratando Marquerite com favoritismo por ter uma beleza de destaque, isso aproxima Danielle da outra irmã. Dona de uma personalidade forte e modos nada convencionais, ela se disfarça de nobre para resgatar um dos servos da sua casa e é como o príncipe se apaixona por ela, que acaba mentindo se tratar de uma condessa.

O príncipe é bem o estereótipo dos monarcas da época: fútil, mimado, meio cabeça de vento, a única divergência foi que não o mostraram como o galinha que ele provavelmente seria se fosse real. O romance é progressivo e conta com aquele tipo de "enemy to lovers" antes do conceito existir. O tom mais realista, sem qualquer espécie de magia, torna o longa interessante e com seu próprio brilho, apesar da narrativa se tornar um pouco cheia demais em alguns momentos de modo desnecessário como se fosse pra encher linguiça. Até Leonardo da Vinci dá as caras por aqui.

Não acho, como muitos, a melhor versão da Cinderella. Ainda assim, é um filme muito bom ao seu modo, com uma "princesa" fora dos padrões que não soa forçada e, mesmo com uma visão muito a frente do seu tempo, a gente consegue, pelo contexto criado, comprar a ideia. Vale a pena.

Em 2004 tiveram duas adaptações:

Uma Garota Encantada talvez seja a adaptação mais original, especialmente porque não traz somente elementos da Cinderella, mas também de alguns outros contos e lendas. Esse filme é primordialmente uma comédia romântica que não deseja, em nenhum momento, ser levado a sério, mas consegue ainda assim trazer elementos críticos importantes na sua narrativa.

Com um enredo original e novo, conta a história de Ella, uma jovem que vive no reino de Frell onde há preconceito e escravidão. Com a ascensão do príncipe ao trono, todo o reino está em polvorosa sem saber que o tio, até então regente, tem outros planos para o sobrinho. A única que não cai de amores pelo Charmont (nome do príncipe como um trocadilho para Charming que é encantado) é Ella. Quando ela nasceu, recebeu um dom terrível de uma fada de obedecer qualquer ordem que lhe dão sem poder impedir. Isso acabou se tornando uma maldição na sua vida.

Embarcando em uma jornada na busca por essa fada madrinha para desfazer o dom tenebroso, ela acaba tropeçando com o príncipe que se junta à expedição e aprende mais sobre o próprio reino para o qual não dava a mínima. O filme traz elementos modernos com materiais do passado e isso confere um ar bem adolescente para ele, com músicas e efeitos especiais antiquados, é uma excelente pedida em uma tarde de domingo preguiçosa em que você só quer pipoca, chocolate e distração.


Agora, é aqui que as coisas começam a azedar. Com o lançamento de A Nova Cinderella a febre de adaptações começou e vieram uma enxurrada de "novas Cinderellas" que não tem mais fim. 

Trazendo uma versão moderna do conto, Hillary Duff encarna Sam, uma jovem cujo pai se casa de novo com uma mulher fútil com duas filhas que não tem nada além de laque na cabeça. Ela trabalha na lanchonete do pai como garçonete, pois desde a sua morte, além das tarefas de casa sua madrasta a obriga a isso e ela se sujeita por causa da faculdade.

Com uma cara de comédia romântica teen bem a cara dos anos 2000, o filme lida com os conflitinhos adolescentes e a perseguição pelos sonhos, em especial o de cursar uma universidade conceituada. Líderes de torcida, torpedo, referências a Matrix, baile de máscaras da escola e o famigerado ensino médio americano. Sem fadas madrinhas ou magia, é aquele filme bem sessão da tarde que abriu portas para um monte de CTRL C, CRTL V que vão ficar para a parte dois (e a julgar pelo monte de filme da lista, três também).

Fico por aqui (por enquanto), logo trago a segunda parte do post. Espero que tenham gostado.







domingo, 7 de abril de 2024

[Bíblia] A Aliança no Sinai

Há aqui outra referência muito incrível ao novo testamento e a vinda de Cristo. Ao chegarem ao deserto de Sinai, Deus ordena Moisés a preparar e purificar o povo, pois no terceiro dia desceria para vê-los, tal como Cristo, no terceiro dia, ressuscitou dos mortos. Três dias também representando a trindade. Ali, sob as ordens do Senhor, limites foram impostos para que nem o povo, nem os sacerdotes, tentassem ver de perto o Senhor, sob risco de morte, então, mandando subir Moisés, instituiu-lhe os dez mandamentos como sua lei ao povo.

Notei que esses são um pouco diferentes do ensinado pela igreja, mas percebo que isso se dá por ter-se incluído, igualmente, a reformulação feita por Cristo na nova aliança, como o segundo "amarás teu próximo como a ti mesmo" que não faz parte desse primeiro decálogo. Inclusive, nas leis que se seguem instituídas por Deus, fiquei um pouco surpresa por serem tão "olho por olho e dente por dente", literalmente falando, só agora, uns livros para frente, compreendi a razão disso. Então no começo é assim mesmo, mas vai fazer sentido mais na frente. Outra referência se relaciona à quaresma, ao entrar na glória de Deus para receber as pedras dos mandamentos, Moisés ali ficou por 40 dias e noites. Esse número tornará a se repetir com Cristo.

Não consigo nem imaginar quão incrível foi o momento em que Moisés vislumbrou Deus, literalmente lhe foi concedido ver o pai e não morrer. Acho que foi uma emoção ainda maior que abrir o mar em dois bem diante dos seus olhos. Após tanta tribulação, é impensável uma recompensa maior.

Prescrições litúrgicas

O Senhor então institui as ofertas a serem feitas em seu altar, hoje as fazemos no rito do ofertório. Também dá instruções para a construção da arca da aliança onde devem ser guardadas as pedras da lei. A seguir, vem instruções para os móveis e ornamentos do templo que devem cercar a arca, as igrejas católicas, hoje, seguem um padrão semelhante. São capítulos com detalhes bem específicos sobre como Deus deseja que seja o tabernáculo onde será adorado. Confesso que não consegui visualizar na mente, as medidas são antigas e complexas de converter, acabei apelando para imagens do Google, deixo a seguir a que achei mais lúdica:

Veja essa imagem em: Adobe Stock

Ruptura e Renovação da Aliança

Moisés, como dito, ficou quarenta dias e noites no alto do monte Sinai e, durante esse período, o povo começou a se revoltar (de novo!) sem saber o que havia sido feito dele, então instigaram Aarão a fazer para eles um bezerro de ouro a quem começaram a adorar e fazer oferendas. Com isso, Deus se encolerizou contra eles e disse a Moisés que os aniquilaria, este, porém, intercedeu por eles e conseguiu aplacar a ira do Senhor. Descendo do monte tomou os filhos de Levi e feriu o povo, destruindo o bezerro, encolerizado. O Senhor mandou-o retornar a jornada, mas disse que não iria mais à frente deles, do contrário os aniquilaria. Moisés suplicou afirmando que não conseguiriam seguir se Ele não estivesse com eles. Deus então concorda em enviar um anjo com eles. Assim, Moisés levantou uma tenda mais distante do acampamento onde conversava com Deus e manifestou o desejo de ver a face do Senhor que lhe concedeu ver sua glória, mas nunca seu rosto, pois ninguém pode ver a face de Deus e continuar a viver. 

São instituídas as tábuas da lei e a renovação da aliança com Deus assim como a construção do tabernáculo de acordo com as instruções do Senhor. E finaliza-se o Êxodo.

Navegando pelo kwai, me apareceu um vídeo do Pe. Reginaldo Manzotti dizendo que a gente devia começar a ler a bíblia pelo novo testamento e não o antigo porque, nessa primeira parte, encontrávamos um Deus "vingativo", rígido e muito implacável. Em Jesus, contudo, contemplamos a face humana de Deus, um Deus mais tolerante, de lei mais branda e expansiva (mas não menos difícil), um Deus mais próximo. No momento que escrevo este post, finalizei o livro de Ester e posso dizer que concordo em parte com ele. Para alguém desavisado que vai abrir a bíblia para ler pode levar um choque com livros como Levítico e Juízes. Por sorte, nunca começo a ler um livro sem antes ler a introdução dele no comecinho da minha bíblia, onde vem não apenas o contexto histórico, mas os antecedentes que derivaram aquelas consequências e isso ajuda muito a compreender que, por mais que o Deus do antigo testamento pareça mesmo implacável e até assustador por vezes, está ali nas entrelinhas o mesmo Deus que foi às últimas consequências para salvar uma humanidade que até hoje o desrespeita. O mesmo Deus que entregou seu próprio filho à uma morte humilhante e cruel por todos nós.

Por isso não abandonei meu projeto de ler na ordem tal e qual ela é dividida. E conforme vou avançando na historia do povo hebreu e nos prodígios de Deus, vou trilhando o caminho que prepara a vinda de Jesus e vendo quão maravilhoso e perfeito é o Senhor em todos os detalhes mínimos, mas, sobretudo, como sua misericórdia é infinita e eterna. Mesmo quando se ira e deseja aniquilar sua criatura, sobrepõe-se no seu coração o desejo de salvar, a esperança de redimir.

[Livro] Victor Hugo: Dois séculos de poesia

 

Editora ‏ : ‎ Thesaurus; 1ª edição (1 janeiro 2002)

 86 páginas

ISBN-10 ‏ : ‎ 8570623224

Esse é meu primeiro contato literário com Hugo. Embora tenha visto adaptações de suas obras, nunca as li propriamente, tampouco sabia que ele era também poeta. Sendo um livro relativamente curto não vou me estender muito na resenha, em especial por ser poesia um tipo de texto que fala com cada leitor de maneira distinta, duas pessoas não olham o mesmo poema sob a mesma ótica. 

Nessa seleção, as temáticas variam de religião, mitologia, filosofia todas com certo ar niilista e algumas cunho até romântico. Sendo a edição bilíngue, francês-português, pude rememorar umas poucas palavras francesas que aprendi quando me arrisquei, anos atrás, a estudar o idioma (e vi que não nasci pra ser chique hahahaha). 

No geral, embora não conheça o Hugo romancista, como poeta ele me soou um tanto melancólico. Senti que boa parte da sua poesia era baseada em pessimismo e incredulidade para com a vida e a humanidade. Foi bem triste. Tiveram seus fôlegos devaneantes como a menção à história de Rute em Booz Adormecido que soa como um romance com nuances mesmo de erotismo velado e mesmo nessas pausas ainda consegui sentir certa melancolia, não sei se foi a escolha de palavras ou só minha própria impressão da poesia do autor mesmo.

Eu não sou acostumada a ler poesia, embora goste particularmente do gênero, não é algo que consuma muito, salvo sonetos de Shakespeare que me pego lendo de tempos em tempos porque gosto bastante da lírica dele. Infelizmente tive pouco contato com poesia na faculdade, na verdade, literatura foi praticamente escassa no meu curso (choro), conheci um pouco mais de Vinícius de Moraes e algo de Fernando Pessoa e Castro Alves na escola fundamental e ensino médio, ainda assim muito pouco. Ainda assim, achei esse contato com a face poética de Hugo interessante. Aquém do niilismo saltando dos versos, impressão subjetiva, alguns poemas da seleção conversaram comigo.

quinta-feira, 28 de março de 2024

[Bíblia] Especial Semana Santa: HELL — G.E.M

Como disse na apresentação da tag, também tenho vontade de compartilhar algumas músicas que gosto muito, dando minha interpretação a respeito delas, como estamos no tríduo pascal, uma das celebrações mais importantes da igreja católica, acho pertinente trazer essa música.

Para aqueles que não conhecem, Deng Ziqi, conhecida como G.E.M, é praticamente a Taylor Swift da China, ela ficou famosa em 2014 quando venceu um programa musical.  Em 2022, ela se declarou cristã com o lançamento do seu álbum Revelations, vocês devem saber que a China é um dos países que mais perseguem cristãos, o grupo Missão Portas Abertas resumiu bem a situação: “A vigilância na China está entre as mais opressivas e sofisticadas do mundo. A frequência à igreja é rigorosamente monitorada e muitas igrejas estão sendo fechadas – sejam elas independentes ou pertençam ao Movimento Patriótico das Três Autonomias”.

Contudo, a pequena G.E.M só é pequena em estatura, porque tem muita coragem e uma legião de fãs não só na China, mas no mundo. Ela rasgou o verbo e declarou seu amor por Jesus em meio aos perigos de ser uma pessoa monitorada pelo regime opressivo chinês. “Neste mundo onde o amor é extremamente necessário, confio que posso fazer o meu melhor para criar obras que façam as pessoas mais uma vez verem o amor, acreditarem no amor e voltarem a amar. Portanto, não importa quantos contratempos existam no caminho, desde que eu possa superá-los”, declarou.

Tema contextualizado, vamos à música. Gosto muito desse disco dela, é um dos poucos que ouvi inteirinho. GLORIA é o carro chefe do álbum, mas já foi amplamente traduzida, quis pegar essa porque fiquei curiosa com a mensagem e não havia tradução dela para português, então eu mesma traduzi. No começo, fiquei confusa acreditando se tratar de uma música sobre relacionamento abusivo, mas não fazia sentido em um álbum com esse tema. Então, pensando um pouco melhor, finalmente acredito ter entendido a mensagem e quero dividir com vocês. Não teve post da tag nessas últimas semanas porque tudo aqui foi uma maluquice, acabei acumulando muitas tarefas que vão ficar todas para Abril, porque eu não faço nada além de rezar na Sexta-feira da Paixão.
Dito isso, vamos à música.

Lembrando que interpretação de música é algo muito subjetivo, cada pessoa entende a seu próprio modo e não precisamos brigar por isso, se você encara a letra de um jeito diferente, está tudo bem.

是我被害的妄想
Shì wǒ bèihài de wàngxiǎng
São minhas fantasias de ser prejudicado
還是你 真是個假象
Háishì nǐ zhēn shì gè jiǎxiàng 
Ou você é verdadeiramente uma ilusão
你讓我瞥見了天堂
Nǐ ràng wǒ piējiànle tiāntáng 
Você me fez vislumbrar o paraíso
有時候 卻把我流放
Yǒushíhòu què bǎ wǒ liúfàng
 Às vezes, no entanto, me exila
你的愛過於抽象
Nǐ de ài guòyú chōuxiàng 
Seu amor é excessivamente abstrato
留給我 可怕的想像
Liú gěi wǒ kěpà de xiǎngxiàng 
Deixando para mim imaginações assustadoras

Num primeiro momento, realmente parece que ela está falando sobre um relacionamento abusivo e, na verdade, de algum modo está mesmo. O primeiro verso reflete a sensação de paranoia, a incerteza a respeito daquilo que se está vivendo, no começo dessa relação tudo era maravilhoso, mas em alguns momentos essa "pessoa" se afastava, deixando-a sozinha para enfrentar seus fantasmas. Esse "amor" não é confiável, por isso ela o descreve como "excessivamente abstrato", restando apenas seus medos e a incerteza se pode ou não confiar nessa "pessoa".

You take me to hell 
Você me leva para o inferno
From heaven I fell
Do céu eu caí
你燃起了嫉妒的火种
Nǐ rán qǐle jídù de huǒ zhǒng
Você acendeu a semente do ciúme
它越燒越兇
Tā yuè shāo yuè xiōng 
Quanto mais queima, mais feroz se torna
而你是元兇
Ér nǐ shì yuán xiōng 
E você é a causa raiz
你煽動著魔鬼的衝動
Nǐ shān dòngzhe móguǐ de chōngdòng 
Você incita o impulso do diabo

Esse refrão é uma metáfora muito interessante e por ele a gente tira a conclusão de quem é a pessoa a quem ela se refere. Alguém que acende nela a semente do ciúme, sentimento que levou lúcifer a se rebelar contra Deus, e quanto mais esse sentimento queima, mais feroz se torna porque ele acumula outros tão violentos quanto, e "ele" é a causa raiz, aquele que incita o "impulso do diabo" que seria o impulso da rebeldia, de se afastar de Deus, de fechar o coração. A chave do refrão está no primeiro verso "Você me leva para o inferno", se você não matou a charada ainda, logo vai fazer sentido.

你有多少個模樣
Nǐ yǒu duōshao gè múyàng 
Quantas faces você tem?
一句話 有多少重量
Yī jù huà yǒu duōshao zhòngliàng 
Uma palavra, quanto peso carrega?
是否有無數個我 (無數個我)
Shìfǒu yǒu wúshù gè wǒ (wúshù gè wǒ) 
Há inúmeros "eu" (inúmeros "eu")
多危險 猜忌的漩渦
Duō wéixiǎn cāijì de xuánwō 
Quão perigoso, esse redemoinho de suspeitas
是我太容易受傷
Shì wǒ tài róngyì shòushāng 
Eu sou fácil de machucar
或真相 真的會殺傷
Huò zhēnxiàng zhēn de huì shāshāng 
Ou a verdade realmente pode causar danos
(真的會殺傷) 
(Zhēn de huì shāshāng
(Realmente pode causar danos)

A pergunta do primeiro verso tem uma resposta simples: quantas forem preciso, esse "ser" usa de todas as maneiras para seduzir e nos tirar do caminho, agora se você ainda não se deu conta, na letra dessa música G.E.M está falando com o pecado. Quanto peso essa palavra carrega? Quando ela diz que há inúmeros "eu" se refere a como o pecado nos faz perder a nossa essência, esquecemos quem somos e nos afundamos em várias versões falsas de nós mesmos que nunca estão satisfeitas com quem são e sempre buscam suprir esse vazio com mais coisas vazias. No momento que ela duvida se a verdade pode causar danos ou se é ela que é fácil de se machucar, é quando percebemos o caminho no qual seguimos e nos damos conta que vivemos uma mentira, muitas vezes por escolha própria.

You take me to hell  (take me to hell)
Você me leva para o inferno (leva para o inferno)
From heaven I fell (heaven I fell) 
Do céu eu caí (céu eu caí)
你燃起了嫉妒的火種
Nǐ rán qǐle jídù de huǒ zhǒng 
Você acendeu a chama do ciúme
它越燒越兇 (越燒越兇)
Tā yuè shāo yuè xiōng (Yuè shāo yuè xiōng) 
Quanto mais queima, mais feroz se torna (Mais queima, mais feroz)
而你是元兇 (你是元兇)
Ér nǐ shì yuán xiōng (Nǐ shì yuán xiōng) 
E você é a causa raiz (Você é a causa raiz)
你煽動著魔鬼的衝動 (魔鬼的衝動)
Nǐ shān dòngzhe móguǐ de chōngdòng (Móguǐ de chōngdòng) 
Você incita o impulso do diabo (Impulso do diabo)
我被你囚禁著 不得彈動
Wǒ bèi nǐ qiújìn zhe bù dé tándòng
Eu sou mantido prisioneiro por você, incapaz de me mover

E agora que sabemos que ela fala com o pecado,o refrão ganha outra cara, não é? A gente não encara mais a persona de um namorado abusador, mas o relacionamento instável e falso que o pecado nos oferece. E nesse último verso a gente vê que é o que acontece conosco quando nos envolvemos com ele, somos mantidos cativos, incapazes de nos mover, presos na teia de ilusões que nos leva a afundar cada vez mais sem nos darmos conta disso.

You take me to hell 
Você me leva para o inferno
From heaven I fell
Do céu eu caí
You put on a fire of jealousy
Você acende o fogo do ciúme
You made me believe
Você me fez acreditar
You loved me indeed
Que me amava mesmo
The truth is you don't know what love is
A verdade é que você não sabe o que é o amor

Essa é minha estrofe favorita da música porque resume a letra toda. O pecado nos leva à queda, o ciúme aqui representa todos os crimes da alma, creditado pelo impulso de lúcifer ao se revoltar. Ele nos faz acreditar em uma ilusão, nos leva a crer que pertencemos ao mundo quando o mundo não é capaz de nos amar, porque a verdade é que somos de Deus. E isso não significa que a gente tem que viver como os puritanos do século XVIII (ou era o XVII?), podemos seguir a vontade de Deus sem nos prender, porque segui-lo é encontrar a liberdade.

Whoa, whoa
你燃起了嫉妒的火種
Nǐ rán qǐle jídù de huǒ zhǒng 
Você acendeu a chama do ciúme
Whoa, whoa
你煽動著魔鬼的衝動
Nǐ shān dòngzhe móguǐ de chōngdòng
Whoa, whoa
Você incita o impulso do diabo
You take me to hell (take me to hell)
(Heaven I fell)
Você me leva para o inferno (me leva para o inferno)
(Do céu eu caí)
你燃起了嫉妒的火種
Nǐ rán qǐle jídù de huǒ zhǒng
Você acendeu a chama do ciúme
From heaven I fell (take me to hell)
Do paraíso eu caí (me leva para o inferno)
你煽動著魔鬼的衝動
Nǐ shān dòngzhe móguǐ de chōngdòng 
Você incita o impulso do diabo
我被你囚禁著 不得彈動
Wǒ bèi nǐ qiújìn zhe bù dé tándòng
Eu sou mantido prisioneiro por você, incapaz de me mover

E vê só a genialidade dessa mulher ao compor o vídeo dessa música. Durante todo o clipe somos levados a crer que ela está em um relacionamento tóxico com um cara, mas esse garoto representa o pecado. A maneira como ele apenas destrói tudo que há de bom em nós. E, no final, ele morre em alusão a passagem bíblica: "Pois o salário do pecado é a morte, mas a dádiva gratuita de Deus é a vida eterna por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.Romanos 6:23. Mas ela recebe uma segunda chance, ela ainda não morreu, porque Deus está sempre tentando nos salvar. Muitas vezes é doloroso desapegar daquilo que nos faz mal, e a gente só percebeu Deus e o quão nocivo era aquele caminho em que estávamos, quando nos desfazemos disso.

Que música fantástica! Se você ainda não conhece a G.E.M está aí um excelente disco para começar. Planejo traduzir outras músicas desse álbum. Deixo aqui embaixo o clipe para vocês verem e espero que tenham gostado dessa análise. Achei pertinente para a Semana Santa porque Cristo morreu por causa dos nossos pecados, e com isso pagou o preço por nós. Mas insistimos em continuar crucificando-o todos os dias com as nossas atitudes. Com isso, espero que essa música nos ajude a refletir um pouco mais sobre isso.

Um abraço e até semana que vem!



quarta-feira, 20 de março de 2024

[Drama] A Tale of Love and Loyalty — ALERTA DE SPOILER!

Original:  授她以柄

País: China

Episódios: 20 (10 min)

Ano: 2024

Diretor: Zhou Xiao

Gêneros: Histórico, Romance, Drama

Sinopse: Com o Imperador doente e o Príncipe Herdeiro ainda jovem, o exército rebelde marcha em direção aos portões da cidade. Enquanto o seu país e a sua família estão à beira do desastre, a imperatriz Su Yan escreve para implorar a ajuda do Príncipe de Nanchuan, prometendo qualquer coisa em troca, desde que ele envie o seu exército para intervir. Ele finalmente chega, salvando a todos. Apesar de sua indiferença, ele hesita em machucar Su Yan. No entanto, sua ajuda tem um custo. Seu desejo não é o trono, mas o amor de uma pessoa.

Estou começando a criar a teoria de que, se a OST do drama é muito boa, o final vai ser ruim. Está se provando muito verdadeira dada minha experiência. Rezo a Deus que meu ano não seja tão trágico quanto os dramas que eu ando assistindo, porque misericórdia! Alguém conhece um drama com o Richard Lee que ele não acabe morto ou sozinho? Porque os dois que vi com ele até agora não foram nada promissores. Qual o problema da China com final feliz? O roteiro tem todas as malditas brechas para dar certo e eles vão lá e "olha só, vamos matar mesmo".

Su Yan se casou com o imperador por um suposto pedido de sua irmã mais velha para cuidar do seu filho por cinco anos, já que ele era muito pequeno quando ela morreu. Negócio é que essa guria já estava prometida par ao príncipe de Nanchuan por quem estava apaixonada e era correspondida. Aí ela acha uma ideia brilhante mentir que não gosta mais dele e se casar com um cara que ela não ama de fachada só pra cuidar do filho de uma irmã que na verdade nem gostava dela porque o marido idiota era apaixonado por ela desde sempre.

Só que esse imperador infeliz acaba adoecendo (e não morre nunca, para minha infelicidade!)  e é claro que os nobres começam a colocar olho grande no trono, procurando a melhor forma de obter vantagem com a morte dele. Aí a lerda da Su Yan acha uma excelente ideia chamar o irmão abandonado dele pro palácio, já que ele é um general implacável e com um exército forte. Isso para garantir a segurança do príncipe herdeiro. E ele, tapado apaixonado, aceita.  Aí começa o leva e traz, as mentiras, a maldita falta de diálogo entre personagens que podiam muito bem apenas dizer a infame verdade e se entender, as intrigas causadas por aquele sapato do capeta daquele imperador e a gente vai só vendo as lágrimas desnecessárias e se enchendo de raiva sabendo que aquele negócio vai ter um desnecessário final ruim.

E tem! O príncipe de Nanchuang termina como uma almofada de flechas e Su Yan faz o que devia ter feito desde o começo do drama que é envenenar aquela cueca avessada do diabo e se envenenar junto, porque ela tinha a energia de um prato esse drama todo. Mais uma vez, Richard Li termina um drama trágico com sucesso. Pra quê? Amado, demite esse agente que escala teus roteiros. Um ator tão bom enroscado numa porrada de tragédia gratuita. Mas a culpa foi minha, eu que decidi de novo ver o drama sem olhar o final antes. Só pra passar raiva mesmo.

Mas tenho que dizer que a OST é maravilhosa! Sério, estou ouvindo a música no looping tem umas duas semanas.


Recomendo? Não. A menos que você queira passar raiva e ser brindado com um lindo final ruim. Mas caso você queira se arriscar a ver, encontra ele no fórum do fansub Cidade Proibida.

segunda-feira, 18 de março de 2024

[Livro] A Morte de Ivan Ilitch

 Autor: Liev Tolstói

Ano: 1886

Gêneros: Novela, Ficção filosófica

Páginas: 80

Sinopse: Ivan Ilitch é um burocrata, funcionário público do sistema judiciário da Rússia tsarista. Ambicioso e calculista, suas ações têm sempre como objetivo ascender na sociedade. Casa-se com Praskóvia Fiódorovna, não apenas porque enamora-se dela, mas principalmente porque as pessoas da alta classe social consideram a escolha acertada. O casal tem cinco filhos, dos quais sobrevivem dois. A vida vai seguindo seu curso, com dificuldades, bajulações, com desentendimentos cada vez mais constantes do casal e, finalmente, promoções.

Ivan Ilitch fere-se na região dos rins num acidente bobo em sua casa nova, quando cai de uma escadinha ao mostrar ao tapeceiro como queria as cortinas. O ferimento começa a incomodar, os médicos não acham um diagnóstico. Ivan Ilich piora a cada dia. Angustiado, vislumbra a proximidade da morte. É tomado por intensas reflexões solitárias sobre os mecanismos que regem as relações humanas. Dá-se que se sua morte é irremediável, sua vida também foi.

Das novelas mais poderosas já escritas, em que um homem julga-se e à própria existência humana quando a vida esvai-se dele, A morte de Ivan Ilitch é um retrato profundo da alma humana por um dos maiores escritores de todos os tempos.

Esse é meu segundo contato com a literatura russa. Exagerada como sou, minha porta de entrada foi de cara Dostoievsky e seu Crime e Castigo pelo qual me apaixonei, lembro bem. Não conhecia Tolstói, só de nome. Para muitos, essa novela é a introdução na literatura russa e, sendo sincera, acho um começo acertado. Por ser curta e de uma linguagem simples, que em nada diminui o poder de sua narrativa, pode ser um bom começo para quem nunca se aventurou nos livros desse país.

Na novela acompanhamos a vida de Ivan Ilitch, um funcionário público da área do direito que viveu e cresceu para seguir as regras sociais. Sempre fazia tudo "certo", visando promoção, relacionando-se com as pessoas certas e buscando benefícios para si. Era a fachada perfeita do homem bem sucedido que vivia para receber elogios e boas recomendações da sociedade. Casou-se por pura convenção, apenas porque era socialmente aceitável e isso lhe traria mais benefícios, lutou para atingir o máximo sucesso em seu trabalho porque significava mais dinheiro e, por consequência, mais status. Embora não fosse rico, vivia como tal e era indiferente ao casamento fracassado mantido apenas pelas aparências.

Um acidente doméstico, porém, muda tudo. Ivan começa a sentir um incômodo próximo ao rim, mas de início é suportável, até que a doença progride para algo sério e ele tem a certeza de que a morte se aproxima. Com essa certeza, passando de médico em médico e com o sentimento de ter se tornado um fardo para sua família, ele começa a repensar toda sua vida, as escolhas que fez e as decisões que tomou, quanto daquilo valeu a pena no final? Por que não conseguia sentir-se satisfeito com sua vida? Não havia a sensação de dever cumprido e calma. Ao mesmo tempo, Ivan se vê desejando a morte como alívio para sua dor insuportável. A dor no corpo e, sobretudo, a dor na alma. Esta última adquirida pelas últimas certezas de sua vida, a certeza de que não viveu em momento algum além da infância.

Para sua esposa, seu fim significa dinheiro e um alívio para os dias de irritação. Para seus "amigos" significa promoção. Alguém seria erguido ao seu posto e os demais também subiriam de cargo. O único que parece realmente ter sentido a morte de Ivan foi seu filho.

Sendo o segundo livro russo que leio, não tem como não notar que eles gostam bastante de explorar o pior do lado humano e talvez por isso sejam leituras tão fascinantes. Enquanto Crime e Castigo passeias nas sombras do lado escuro do inconsciente, movendo e torcendo o sentido de ética, certo e errado, A Morte de Ivan Ilitch nos convida a uma reflexão sobre nossa trajetória nessa jornada eterna chamada vida. Ivan se deu conta que toda sua vida foi moldada pela sociedade, pelo que os outros achavam ser certo e bom, em nome do status e da autopromoção, não pelo que ele realmente queria. A bem verdade ele nem sequer havia parado para pensar no que queria. Viu sua vinda findar sem jamais ter vivido nada, sempre em busca de enriquecer e manter aparências.

Enquanto lia, me fazia pensar no tanto de gente que eu conheço e se mata de trabalhar para comprar grandes casas, carros de luxo, ter toneladas de dinheiro no banco para, no fim da vida, se lamentar que não fez nada por si mesmo e, muitas vezes, sequer poder usufruir daquilo pelo que tanto lutou. Vale a pena? Essa sociedade colocou na nossa cabeça que precisamos de muito para ser feliz quando, na realidade, é o contrário. A gente precisa de tão pouco e nossa riqueza nada tem a ver com dinheiro. Não digo que dinheiro não é necessário, claro que é, mas não na proporção que se pinta. O que nos é indispensável é saúde, qualidade de vida (que nada tem a ver com posses), ter pessoas queridas que nos fazem bem por perto, sobretudo, observar as pequenas coisas que, lentamente, vão ficando de lado. Quando foi a última vez que você viu o nascer ou o pôr do sol? 

É um livro pequeno, mas nada superficial. Em 80 páginas, Tolstói nos leva a refletir nosso papel como protagonistas da nossa própria história e quanto das nossas escolhas e atitudes é feita em prol da aprovação dos outros.  No geral, gostei muito do livro, embora tenha sido diferente do que eu esperava. E, claro, recomendo fortemente. Acho que é um livro que todo mundo devia ler pelo menos uma vez na vida.


domingo, 10 de março de 2024

[Bíblia] A Libertação

Começou então a saída do povo do Egito, eram muito numerosos e partiram não só com suas posses e animais, mas com todos os despojos dados pelos egípcios — ouro e prata — e os ossos de José. O Senhor, todavia, não os guiou pela terra dos filisteus que era o caminho mais curto, mas intruiu-os a ir pelo deserto, ao leito do mar vermelho. O faraó, em sua ira, os perseguiu e o povo voltou a temer e culpar Moisés que, segundo suas ordens, ergueu o cajado e, ferindo o mar, viu partir-se em dois as águas por um forte vento vindo do oriente. Passou assim a pé enxuto o povo de Israel pelo mar vermelho e viu morrer sob as águas o exército de Ramsés. Então, a salvo pela graça de Deus, Moisés entoou em honra de Deus, um canto:

Cantarei ao Senhor porque ele manifestou sua glória

Precipitou no mar cavalos e cavaleiros

O Senhor é minha força e objeto do meu cântico;

Foi ele quem me salvou

Ele é o meu Deus — eu o celebrarei; o Deus de meu pai — eu o exaltarei..”

A liberdade no Deserto

Mesmo liberto da opressão, o povo parece nunca satisfeito com nada e, mais uma vez, se volta contra Moisés, reclamando ora que não tem água, ora que não tem comida, é a coisa mais irritante, por um lado, contudo, fico pensando que mesmo vendo do que precisamos, o Senhor se agrada de ouvir nossa prece. E ele atendeu-os, enviando-lhes perdizes do céu para que tivessem carne e maná para que tivessem pão. Não é explicado, exatamente, o que é o maná, a descrição é breve e imprecisa.

Outra coisa que se destacou foi a ordem de não guardar nada, pois ao guardar ele se tornava fedido e com larvas, fico pensando se não é alguma alusão à ganância ou avareza. Acho que Moisés foi o predecessor da paciência de Jó, séculos à frente! Com a sede no deserto, voltou o povo a clamar contra Moisés e, por ordem de Deus, este usou sua vara para ferir o rochedo de onde saiu água para o ingrato povo beber no monte Horeb. Temos também a primeira aparição de Amalec, que ataca Israel e, com a ajuda do Senhor, Josué sai vitorioso. Algo que me chamou atenção foi que Moisés precisou ser sustentado para a vitória acontecer, nos mostrando que não precisamos passar as batalhas da vida sozinhos. Há ainda uma passagem sobre uma visita do sogro de Moisés que lhe levou sua esposa e filhos que haviam sido mandados para casa.

Essa parte do Êxodo é bem complicada, mas nos levanta várias reflexões. Conforme ia lendo percebia como a Bíblia é um livro atemporal, pensar que essa parte do velho testamento tem bem mais de 2000 anos, considerando que marcamos nosso tempo a partir do nascimento de Cristo, e ainda consegue ser tão atual! Já perceberam como a gente nunca parece satisfeito com nada, igualzinho esse povo? Deus literalmente tira água de pedra e, ainda assim, a gente reclama, duvida, nunca é realmente grato por nada que tem, mas está sempre insatisfeito com o que não tem e muitas vezes nem precisa!

Meu falecido avô tinha um ditato que acho muito pertinente, ele dizia que “a casa do ter nunca enche” e é verdade. Quanto mais se consegue, mais se quer. Não atoa vivemos numa sociedade tão competitiva e superficial. A gente tende a ver o próximo sempre como inimigo e nunca como irmão, como deveria ser, porque estamos o tempo todo competindo, tentando nos igualar ou ultrapassar quando deveríamos trabalhar em equipe e crescer juntos. É triste ver isso. E confesso que ficava bem irritada com essa ingratidão do povo, nada nunca estava bom, eles eram escravos e reclamavam, estavam livres e reclamavam, nunca eram gratos e não atoa terminaram como terminaram.

Pratiquemos a gratidão. Olhe para sua vida, para o que você tem e agradeça a Deus por isso. Você pode não ter tudo que quer, mas acredite que tem tudo o que precisa. E a gente precisa de tão pouco para ser feliz. Hoje em dia é difícil apreciar um céu azul, acho que muita gente nem sabe que o amanhecer e o crepúsculo nunca são iguais. Você pode olhar o pôr do sol hoje e olhá-lo de novo amanhã e vai perceber que não é do mesmo jeito. Garanto. Não paramos mais para apreciar um dia de chuva, só embalados pelo som calmante da água molhando a terra e batendo contra as janelas. Ao contrário, muita gente reclama que tá chovendo e não pode fazer isso ou aquilo, e depois reclama que não chove e tá quente demais.

Parece que a ingratidão de Israel está impressa no nosso DNA. Então finalizo esse post te convidando para agradecer. Agradeça a Deus hoje. Você consegue listar tudo pelo que você é grato? O tanto que ele te deu? Como bem disse uma vez C.S. Lewis “a misericórdia vem com a manhã”, quando você abre os olhos para um novo dia, é por si só um presente, uma demonstração da misericórdia e do amor de Deus por você. Quantos mares Deus está abrindo na sua vida para atravessar e talvez sua ingratidão esteja te impedindo de ver? Então seja grato.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

[Drama] Fated to Love You (KR)

 Original: 운명처럼 널 사랑해

Ano: 2014

Diretor: Kim Hee Won, Lee Dong Yoon

Roteirista: Joo Chan Ok, Jo Jin Kook

Gêneros: Negócios, Comédia, Romance, Drama

País: Coreia do Sul

Episódios: 20

Sinopse: A doce, esforçada e tímida Kim Mi Young tem muito pouco quando se trata de educação, beleza ou saúde. Mas tudo muda em uma fatídica noite se amor acidental com Lee Gun, um mimado chaebol (herdeiro da empresa da família). Sua insignificante existência se transforma completamente quando descobre que está grávida e que deve entrelaçar sua vida à dele em um casamento às presas. O casal decide tirar o melhor da má situação, porém quando Lee Gun começa a mostrar sua afeição crescente por Kim Mi Young, seu primeiro amor volta à cena para reivindicar sua posição.

Onde encontrar: Os fansubs que tinham esse drama fecharam. O único canal oficial onde se pode ver agora é o Viki e o Cadê meu Dorama Antigo no telegram que hospeda dramas de fansubs fechados (só os fechados, elas não roubam projetos de fansubs ativos) e é um canal oficial.

Mi Young trabalha em um escritório de advocacia como a garota faz-tudo, sempre intimidada pelos demais membros. Por isso, quando um advogado em ascensão começa a lhe dar mais atenção que o devido, ela passa a acreditar que sua sorte finalmente mudou, os dois embarcam em cruzeiro onde ela sonha em receber sua proposta de casamento e passar sua primeira noite com um homem. No mesmo cruzeiro está Lee Gun, um chaebol da indústria de cosméticos que tem tudo preparado para pedir sua namorada, Se Ra, em casamento. Ela é bailarina profissional e os dois estão juntos há cinco anos, mas ela sempre coloca a carreira antes dele.

Claro que tudo dá errado graças ao tio e primo de Mi Young que vivem em uma ilha prestes a ter seu trabalho fechado pela empresa de Lee Gun, eles armam tudo para conseguir fotos comprometedoras que podem chantageá-lo a não fechar a fábrica onde trabalham, contudo, o destino acaba colocando Mi Young no quarto do ceo ao invés da prostituta contratada que vai parar no quarto dela com o advogado canalha. Confusão armada, agora os dois precisarão lidar com isso e acabam, de alguma forma, fazendo amizade.

Só que Mi Young fica grávida e a avó de Lee Gun, desesperada por um herdeiro, força o neto a se casar com ela. Ele se vira do avesso para não permitir que Se Ra descubra a relação e, sentindo-se culpada, Mi Young faz de tudo para ficar o máximo possível de fora do seu caminho, mas isso se torna cada vez mais difícil conforme Gun é gentil e atencioso com ela. Por mais que de início Lee acredite que Mi Young está tentando obter vantagem para a ilha natal, logo descobre que ela é inocente demais para isso e começa a se afeiçoar ao jeito sempre dócil e prestativo dela.

Eles acabam se apaixonando, mas Se Ra está voltando para a Coréia disposta a pegar de volta o que é seu. Os caminhos unidos pelo destino se entrecruzam em linhas difíceis de discernir e o amor nascido pode mudar ou desaparecer.

Essa era a única versão da história que eu ainda não tinha visto. Logo que terminei a original, de Taiwan, até tentei começar, mas a comédia pastelona da personalidade de Gun me afastou no quarto episódio. Porém, esses dias me deu uma vontade de maratonar todas as versões dele que apostei em ver essa também.

Na versão taiwanesa, Cun Xi tem um quê de comédia que é aplicado na dose e momento certos para funcionar, o personagem em si não é cômico, mas seus defeitos se tornam ora usados para alívio no drama, ora para intensificar a dramaticidade de um homem obrigado a se casar com uma desconhecida quando "ama" outra mulher. Porém, esse recurso na primeira parte da versão coreana meio que pesou a mão, gosto muito do trabalho do Jang Hyuk, acho ele um ator completo, mas essa pose de banana não caiu bem nele. Por sorte, isso muda depois e ele começa a assumir uma postura um pouco mais séria.

As mudanças de uma versão para outra foram acertadas até certo ponto, em especial no que diz respeito à época e a cultura. Óbvio. Torci pelo casal, e mesmo o Lee Gun não sendo muito receptivo com a Mi Young no começo, ele não chega exatamente a ser um crápula com ela como acontece no original, Jang Na Ra maravilhosa arrancando lagrimas da gente e risos, vestiu com perfeição a pele da jovem inocente que se transforma em mulher após uma prova de fogo. Outra coisa que gostei foi a personagem Se Ra que tem seu papel de antagonista atenuado nessa versão, de todas achei que foi a versão menos ruim dela, ainda que não dê pra torcer também.

Em contrapartida, a vovó que sempre é adorável e casamenteira nas demais, aqui se torna a senhora que só se importa com o bebê. Ela não é fofinha ou serelepe como as demais, a versão tailandesa melhorou isso um pouco, mas essas duas versões são as menos carismáticas (na versão japonesa ela aparece bem pouco, mas ainda é ao menos carismática). Enquanto algumas cenas ficaram muito bonitas nessa versão, outras perderam um pouco o brilho como a cena da perda do bebê, a reação da personagem não ficou tão condizente com sua personalidade, pelo menos no meu ponto de vista comparado com as outras versões da história.

No fim, meu veredito é que o drama é muito bom, mas a melhor versão continua sendo a chinesa em disparada! Todos os personagens foram melhorados nela, as relações e desenvolvimento também, especialmente do personagem principal. O único defeito dela foi o plot desnecessário da Anna para afastar um casal obviamente apaixonado. Não fosse isso, que não fez sentido nenhum, foi a versão mais incrível da história. Todavia, a coreana ganha pontos no segundo lugar por mostrar os filhinhos gêmeos do casal que não tem no final da chinesa. 

Vale a pena sim. E de todas as cenas de vingança, a do remake coreano segue sendo a melhor e mais legal de ver!

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

[Bíblia] Fim da Escravidão

 Eis que iniciamos o Êxodo! Inicialmente, antes de ler o Gênesis na íntegra, achei que esse era o livro que eu mais ia gostar, em especial por já ter visto alguns filmes sobre Moisés várias vezes. Porém, não foi bem como aconteceu, embora seja um livro incrível como todos, atualmente estou em Judite, foi um livro por vezes revoltante de engolir pela ingratidão do povo. Do mesmo modo, Levítico e Juízes foram livros bem difíceis de digerir. Mas, vamos por partes.

Após a morte de José e seus irmãos, sua descendência continuou e se multiplicavam cada vez mais. Acontece que subiu ao trono Ramsés II, um faraó que não havia conhecido José e, temendo o aumento dos hebreus no Egito, começou a tramar contra eles, pois de acordo com seu pensamento, em caso de uma guerra se aquele povo se aliasse ao inimigo ou invadisse, o país sofreria danos. Inicialmente, começou a impor-lhes trabalhos, fazendo ainda com que as parteiras dos hebreus matassem os meninos já no nascimento, mas poupassem as meninas. Tendo elas se recusado, decretou que os meninos hebreus nascidos fossem atirados no Nilo.

Uma mulher, filha de Levi, casou-se com um homem da casa de seu pai e deu a ele um filho. Conseguiu ainda escondê-lo por três meses, mas sabendo que não poderia estender-se, colocou-o numa cesta e escondeu-a nos juncos do Nilo. Eis que a cesta foi encontrada pela filha do faraó que ordenou à sua escrava que a pegasse, mesmo vendo que era um filho dos hebreus, seu coração amoleceu e a irmã do menino, escondida, apareceu e perguntou se ela queria que buscasse uma mulher hebreia para amamentar a criança, trazendo a própria mãe que, mais tarde, viu seu filho ser adotado pela princesa e receber o nome de Moisés.

Moisés cresceu e, certo dia, ao presenciar um guarda egípcio maltratando um hebreu, matou-o e escondeu o corpo na areia. O fato acabou indo aos ouvidos do faraó que intentou matar moisés, este fugiu para Madiã e, após ajudar as filhas do sacerdote, foi convidado por este a residir em sua casa. O sacerdote deu ele uma de suas filhas e esta concebeu para ele um filho. Não fica muito claro aqui se Moisés sempre soube que era um hebreu. Morrendo o faraó, o povo começou a clamar ao Senhor e, vendo seu sofrimento, o Senhor deveras lembrou-se da aliança com seus pais e ouviu seu clamor.

Um dia, enquanto pastoreava o rebanho de seu sogro, Moisés viu uma sarça ardendo na montanha de Horeb, contudo, embora ardesse, não se consumia. Curioso, ele se aproximou e Deus falou com ele, exortando-o a ir ao Egito ter com o faraó e libertar o seu povo. Instruiu-o a procurar os sacerdotes de Israel e com eles ir ver o faraó, alertou-o ainda que o faraó não o ouviria e, por isso, Ele feriria o Egito, forçando-o a libertar seu povo.

Moisés hesita, fica com medo e começa a colocar empecilhos no seu caminho fazendo com que o Senhor se irrite com ele e volte a dizê-lo para obedecer, ele então vai de volta ao Egito. Deus acalma Moisés dizendo que todos os que queriam matar já haviam morrido e lhe instrui no que deve dizer ao faraó, alertando-o que este com duro coração não lhe dará ouvidos. Mas, por algum motivo que não se explica, Deus tentou matar Moisés no caminho! (Gente...) como ele era egípcio (criado por eles, no caso) não fora circuncidado e, por isso, sua esposa Sefra circunda o filho e atira a pele do prepúcio aos pés do marido e, segundo as notas, dá a entender que esse gesto era para expurgar a culpa de Moisés por ter negligenciado esse sinal da aliança.

Deus ainda envia Aarão para acompanhar Moisés ao Egito e falar ao povo, aqui eu entendo que mesmo salvo pela filha do faraó, Moisés sabia a sua origem desde o começo. O povo acredita em Moisés e suas esperanças retornam, pois Deus ouviu seu clamor. Foram então ao faraó, mas este, endurecido, não só não permitiu que fossem como passou a oprimi-los com mais violência. Mandando-os novamente ao faraó, ordenou-lhes o que deviam dizer e fazer, mas o coração endurecido continuava a recusar a ordem do Senhor e o povo, cada vez mais subjugado, começava a se voltar contra Moisés. Assim, recai sobre o Egito a fúria de Deus através das chamadas dez pragas:

1. Águas Corrompidas

Segundo a ordem do Senhor, Aarão ergueu seu cajado sobre as águas do Nilo e estas tornaram-se sangue, os peixes morreram e não se podia dela beber. Mesmo assim, Ramsés não cedeu, os egípcios cavaram nas proximidades do rio em busca de água, sete dias transcorreram.

2. As rãs

Confessar para vocês que, Deus me livre, se eu tivesse vivido nessa época, provavelmente era aqui que eu ia morrer. Eu tenho pavor de rãs, na verdade, de anfíbios em geral. Infestou-se de rãs a terra do Egito após Aarão estender sua vara sobre o rio, o faraó pediu a Moisés que intercedesse ao Senhor e em troca libertaria seu povo, mas tendo-lhe livrado das rãs, endureceu mais uma vez seu coração e não deixou ir Israel.

3. Piolhos

Disse Deus a Aarão para levantar a vara e ferir o pó da terra e este o fez, houve então mosquitos sobre os homens, animais e terra em todo o Egito.

4. As Moscas

O Senhor mandou Moisés e Aarão mais uma vez ao encontro de Ramsés ordenando que deixasse partir Israel ou moscas como nunca antes se viu cobririam o Egito, contudo, faria ele uma distinção entre os egípcios e os hebreus sobre os quais nada cairia. E assim se cumpriu. Mais uma vez, o faraó consentiu em deixar ir o povo, contudo, tão logo a praga se foi, voltou atrás.

5. Morte do Gado

Por Moisés, Deus fez saber que faria perecer todos os animais da terra do Egito, contudo, pouparia os rebanhos israelitas e assim se cumpriu, mas o faraó não cedeu.

Até aqui fico me perguntando quão duro é o coração desse homem pra ver isso tudo acontecendo e não dar o braço a torcer.

 

6. As Úlceras

Ordenando que tomassem as cinzas do forno, o Senhor disse que as lançassem ao céu diante do faraó. As cinzas cobriram o Egito fazendo surgir no povo feridas que viravam úlceras e mesmo assim o faraó não os ouviu como predisse o Senhor.


7. A Saraiva

Anunciou ainda o Senhor ao faraó por meio de Moisés que, se fosse de sua vontade, há muito ele teria deixado de existir e que se o deixava incólume era para se fazer ver seu poder sobre a terra. Se não ouvisse a ordem de deixar partir o seu povo, cairia sobre o Egito o flagelo em forma de uma chuva de pedras como nunca se viu desde a fundação e assim o fez, trovões cortaram o céu e pedras ardentes caíram sobre todo o Egito, matando animais, árvores, ervas e todos nos campos e ruas, os hebreus, porém, foram poupados. O faraó intercedeu a Moisés novamente com a promessa de deixá-los ir, mas endureceu seu coração outra vez e voltou atrás tão logo cessou o flagelo.

8. Os Gafanhotos

Essa é outra praga que eu glorifico a Deus não ter visto, tal como as rãs, não consigo ver esses bichos nem em foto. Tenho fobia só de imaginar!
Mais uma vez, Aarão e Moisés vão à presença do faraó a mando do Senhor, mas são tratados com ironia e, como dito, ao estender o cajado, sobre o Egito milhões de gafanhotos cobriram toda a terra destruindo as árvores e ervas que não foram exterminados pelo granito. Novamente o rei intercedeu a Moisés e a praga se foi, mas o povo não foi liberto.

9. As Trevas

Por ordem de Deus, Moisés estendeu a mão sobre o Egito e por três dias as trevas cobriram tudo, nada se via de tal modo que as pessoas não se locomoviam. Os hebreus, porém, tinham luz onde iam. Essa parte me chamou a atenção por dois motivos, primeiro, em Apocalipse fala que haverá esse evento novamente, trevas cobrirão a terra por três dias, imagina o horror disso se a gente não suporta uma hora de apagão '-', mas veja o outro detalhe "os hebreus tinham luz onde iam" isso não é apenas literalmente falando, no caso do evento, mas os hebreus tinham Deus, então independente da escuridão do mundo, a luz permanecia com eles. Achei tão lindo e tão forte.
O faraó propôs que Moisés se fosse  com seu povo, mas deixasse ali os animais, ele, contudo recusou e o faraó o expulsou sob pena de morte caso o visse outra vez.

10. O Anjo da Morte

O Senhor instruiu ao povo que, no crepúsculo do décimo quarto dia daquele mês, se imolasse um cordeiro e cingisse com seu sangue as ombreiras e a moldura da porta, pois onde o sangue fosse visto não cairia ali o flagelo. Olha como essa simbologia é perfeita! Mais tarde, o cordeiro na pessoa de Cristo seria imolado para, com seu sangue, livrar da morte todo aquele que nele crê. A bíblia é fascinante! 
Dever-se-ia comer o cordeiro todo naquela noite, assado inteiro — com cabeça e vísceras — no fogo. O que não se comesse, deveria ser queimado. Era a primeira páscoa, que deveria ser comemorada na posteridade durante sete dias (festa dos ázimos). Assim, desceu o Senhor e ceifou todos os primogênitos do Egito fazendo subir grande clamor. Igual ao que aconteceu com os filhos de Israel mortos a mando dele.

O faraó finalmente os deixou partir.

Uma das melhores coisas para mim ao postar essa tag é rever minhas anotações e, estando já um pouco à frente, rememorar esses primeiros livros e todo o caminho percorrido para a vinda de Cristo. A jornada do povo judeu me faz pensar em tanta coisa, mesmo após milênios de luta e perseguição, ainda não acabou... é um povo que continua com Deus na boca e, muitas vezes, longe do coração. E nós, que fomos acolhidos como filhos de Deus pela vida de Cristo, não estamos nos comportando tal e qual? É assustador pensar que pragas muito piores e mais violentas que essas nos esperam pelos nossos inúmeros crimes...